top of page

Depressão Pós-Parto. Um olhar necessário sobre a saúde mental materna.

  • Foto do escritor: Juliana Pagliari
    Juliana Pagliari
  • 28 de set. de 2024
  • 4 min de leitura

A chegada de um bebê é frequentemente retratada como um momento de alegria e realização, mas nem todas as mulheres experimentam essa fase de forma tão positiva. A depressão pós-parto (DPP) é uma condição que pode afetar novas mães, gerando um impacto profundo em sua saúde mental, emocional e física. Apesar de ser comum, ainda existe um estigma ao redor do tema, dificultando a busca por ajuda e o tratamento adequado.


O que é Depressão Pós-Parto?


A depressão pós-parto é um transtorno de humor que pode ocorrer nas primeiras semanas ou meses após o nascimento do bebê. Diferente do “baby blues”, uma fase temporária de alterações emocionais leves que dura cerca de duas semanas após o parto, a depressão pós-parto é mais intensa e duradoura, interferindo na capacidade da mãe de cuidar de si mesma e do bebê.

Esse transtorno pode se manifestar em qualquer mulher, independentemente de histórico anterior de problemas psicológicos ou da forma como a gravidez foi conduzida. A DPP afeta cerca de 10% a 20% das mães, segundo estimativas globais, e pode ocorrer em diferentes graus de severidade.



Causas e Fatores de Risco


A depressão pós-parto é multifatorial, ou seja, resulta da interação de diversos fatores biológicos, emocionais e sociais como:


  • Mudanças hormonais: Após o parto, os níveis de estrogênio e progesterona caem drasticamente, o que pode desencadear mudanças no humor e influenciar a estabilidade emocional da mulher.

  • Histórico de depressão ou ansiedade: Mulheres com histórico de transtornos de humor, como depressão ou ansiedade, estão mais propensas a desenvolver a DPP.

  • Estresse e esgotamento físico: A sobrecarga física do pós-parto, as exigências do cuidado com o bebê, a privação de sono e a recuperação do parto podem aumentar os níveis de estresse, contribuindo para o desenvolvimento da depressão.

  • Fatores psicológicos e sociais: Falta de apoio social, problemas no relacionamento, dificuldades financeiras e um ambiente familiar disfuncional podem intensificar os sentimentos de isolamento e tristeza.


Sinais e Sintomas da Depressão Pós-Parto


Os sintomas da depressão pós-parto podem variar, mas incluem:


  • Tristeza persistente: Sentimentos contínuos de tristeza, desesperança ou vazio.

  • Falta de vínculo com o bebê: Algumas mães com DPP podem sentir dificuldade em se conectar emocionalmente com o bebê, o que pode gerar culpa e vergonha.

  • Fadiga extrema e falta de energia: Sentir-se constantemente exausta, mesmo após uma boa noite de sono.

  • Perda de interesse em atividades: A mãe pode perder o interesse em atividades que costumava gostar, como ver amigos ou praticar hobbies.

  • Alterações no apetite e no sono: Comer demais ou muito pouco, e dificuldades para dormir, mesmo quando o bebê está descansando.

  • Sentimentos de culpa ou inutilidade: Sentir-se uma “má mãe” ou incapaz de cuidar adequadamente do bebê.

  • Pensamentos suicidas ou de autoagressão: Em casos mais graves, podem surgir pensamentos de machucar a si mesma ou ao bebê.


Impacto da DPP na Mãe e no Bebê


A depressão pós-parto pode ter um impacto profundo na mãe, dificultando a realização de tarefas diárias e a interação com o bebê. A falta de vínculo emocional entre mãe e filho pode afetar o desenvolvimento cognitivo e emocional do bebê, além de comprometer a construção de uma relação segura entre ambos.

Se não tratada, a depressão pós-parto pode se estender por meses ou até anos, prejudicando a qualidade de vida da mãe e, consequentemente, da criança e do restante da família. O suporte e o tratamento precoce são essenciais para evitar complicações de longo prazo.



Tratamento e Apoio


O tratamento da depressão pós-parto pode variar conforme a gravidade dos sintomas, mas geralmente inclui uma combinação de psicoterapia e, em alguns casos, medicação antidepressiva. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes, ajudando as mães a identificar e modificar padrões de pensamentos negativos, além de desenvolver estratégias para lidar com o estresse e os desafios do pós-parto.

Além disso, o apoio emocional de familiares e amigos desempenha um papel fundamental no processo de recuperação. Mães que enfrentam a DPP precisam de um ambiente de compreensão, onde possam falar sobre seus sentimentos sem medo de julgamento.



Prevenção e Autocuidado


Embora não seja possível prevenir completamente a depressão pós-parto, algumas práticas podem reduzir os fatores de risco e aumentar o bem-estar mental:


  • Buscar apoio: Ter uma rede de apoio antes e após o nascimento do bebê, seja com parceiros, familiares ou amigos, pode ajudar a aliviar o estresse e a sensação de solidão.

  • Manter uma rotina saudável: Dormir e comer bem, praticar exercícios físicos leves e reservar tempo para o autocuidado podem ser benéficos para a saúde mental.

  • Falar sobre seus sentimentos: Expressar os desafios do pós-parto e discutir abertamente como se sente pode ajudar a diminuir o impacto emocional da nova rotina.



Conclusão




A depressão pós-parto é uma condição séria e comum, mas com o tratamento adequado e o apoio necessário, as mães podem se recuperar e restabelecer sua saúde mental. Se você ou alguém que você conhece está enfrentando sintomas de depressão pós-parto, é essencial buscar ajuda o quanto antes. O cuidado com a saúde mental da mãe é tão importante quanto o cuidado com o bebê, e garantir esse suporte contribui para o bem-estar de toda a família.

Comments


Juliana Pagliari, Psicóloga CRP 12/24071. © 2025 Todos os direitos reservados. 

bottom of page